sexta-feira, 22 de setembro de 2017

FOI BONITO




Se eu te encontrar num desses acasos
que a vida, caprichosa, faz acontecer,
não fugirei de mim.
Firme como um cedro do Líbano enraizado
em águas caudalosas,
uma vez mais, vou te olhar.

Sei que verei estrelas se acendendo em teus olhos,
a lua gotejando poemas,
o sol aquecendo o frio do corpo,
canções cifradas de diademas,
o amor − feliz − cicatrizado nas cinzas do fogo.

Naquele instante, saberei que tudo é mesmo impermanente.
Fragmentos de desejos.
Que tudo foi um estar ausente,
uma presença fugidia,
um alcançar inatingível.

Que tudo foi tão breve, mas bonito.
Porque naquela duradoura brevidade,

houve lampejos do infinito.

LEVEZA




Tuas mãos prenunciam o toque
imprevisível do infinito
− linha tênue que traça o meu presente
e o meu futuro.
Desenham na fluidez inquietante do meu silêncio
abismos de rosas
o grito de um momento
carinhos em poemas
ternuras em prosas.
Acendem no meu lado mais escuro
a magia
− um estranho encantamento.

Por estas horas, precipícios dançam nos meus passos.
Deixam-me bêbeda de luzes,
afogam-me num dilúvio de emoções.
Então deixo de ser uma só pessoa e me transfiguro
em muitos corações
para explodir-me em infinitudes, onde, em mim,
ressoa um vesúvio de palpitantes e indeléveis plenitudes.

COISAS DE PELE




Minha pele
na tua pele
é súplica
sem pressa
de ser atendida.

No mar dos bons desejos
tua pele
surfando
as ondas da minha pele
estremecida
é órgão de carne
em divina prece


linguagem de vida.