parei para ver o menino
que andava sem pernas sobre
uma passarela
de espinhos que lhe davam voltas
nas costelas seu olhar desabrigado
compondo cuidados
com o mundo
atolado em guerras de salivas desconcertantes
babas ocas pingando-lhe dos ouvidos
quadrados sonhos derretidos em granadas
de açúcares mascavos
percorriam
suas entranhas de estranhas metralhadoras
a pipocar-lhe os sonhos nem nascidos
ainda lembrança vaga de um tempo
em que corpos não
voavam como pássaros estilhaçados pelo ódio
de olhares baços de ambição parei para ver
o menino sem pernas e quis emprestar-lhe
minhas mãos sem dedos e ele me ofereceu
suas pernas sem chão e eu voei
despregada
dos medos amansado o
coração das feras
de tição a atordoar-me o peito parei para ver
o menino sem pernas
... e são.
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