Um pedaço de sol
rolou por entre meus
dedos cortados
do verde das árvores
voantes pelo chão
de algodão
na aspereza de caminhos
empapados de suor
molemente escorridos
pelas fendas da vida que
eu supus
ser
o dia do juízo final do
bom senso pendurado no peito
suspenso
entre dois pregos pegos
de surpresa
ante a impossibilidade da
noite
acordar
de sua letárgica alegria
adversária das planícies
as mais inexistentes
dentro do caos perfeito da ordem
e do progresso
de um cenário encharcado
de sons
inaudíveis
amplexo abrangente da
última agonia de um palhaço
errante
pelos picadeiros da ostra
arrancada da pérola
vesga de paz nos lamentos
risonhos
de mares envolvidos de
ventos um pedaço de sol
rolou por entre meus dedos
amassados
de tempo e o que vi não
tem voz
e o que ouvi não tem
imagens só as margens
se abrindo para um rio
que não tem águas a fonte
secando roupas de gente
vestida de oceanos
tsunamis
tufões
vulcões ingerindo ossos
frutos
a sabor de carne nascidos
de um pedaço de sol por entre meus dedos
adormecidos
.......e só
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