terça-feira, 6 de junho de 2017

REPARAÇÃO



Que me perdoem pelo silêncio
que à minha volta traço
e pela canção que, perceptível, voa
dos meus lábios contritos
e não se escutam nos rumores
que dentro de mim faço.

Careço de perdão ao redor  do espaço

vítreo
que nasceu em mim como aventura
inesperada
impenetrável
inacessível
em seu princípio
meio
e fim.

Que me perdoem a linguagem

que adiante de mim lanço
e a escrita que sai das minhas mãos
chagadas,
e não se vê.

Careço de perdão dentro do espaço

que não se lê
e que vingou além de mim
como rubra imagem de límpido
sangue
que movimenta e estrutura
o meu ser.

Mas que ninguém sabe,

que ninguém escuta,
que ninguém vê.

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