segunda-feira, 10 de julho de 2017

A CARNE




A carne é fraca é franca é folia
é fúria é frágil
ágil quando escama.

A carne age − desprotegida− despudorada
quando clama e é amada.
Não retém memórias, só lembranças
de prazeres e de glórias.

A carne é alfa é ômega é beta
terna quando chama.
A carne tem fome, tem sede, tem dramas,
vertigens porque ama.

A carne tem charme, abriga insinuante coração,
um olhar que conquista
e a chave que libera a emoção.
A carne − da medula aos poros − é respiração,
é ternura itinerante que aquece a pele
e o frio do mais frio dos ossos.

A carne despida é pura vibração, carmesim,
é energia do princípio ao sim.
A carne é mistério, é luta, alimenta e nutre.
Não é podre: a roupagem com que a cobrimos
é que a transmuda em repasto de abutres.


A carne é sensível, sensitiva,
expõe as supérfluas linguagens
os necessários silêncios
decodifica segredos.

A carne , receptáculo e entrega...
o fruto saboroso – permitido − a todos
que são puros e sonham
sem medos.

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