segunda-feira, 17 de julho de 2017

DIVAGAÇÃO




Estive pensando quanto é perigoso
quando a vida foge à Poesia.
Sem poesia a vida é limitada e medonha
se não há fantasia.
Inumeráveis os problemas e se dilatam
os trabalhos e os prantos.
Tão opressor se torna o Sistema
− e a gente já não sonha –
apenas lamenta e se enfastia e se esquece
de viver, sentir e semear a poesia.

A poesia é um perder-se na alma azul
das montanhas;
nos olhos clarificados
do sol;
Um envolver-se na felicidade prateada
da lua.
É deter-se no semblante das pessoas
que passam pela vida
da nossa rua.

A poesia não conhece fronteiras,
é infinita.
Até na morte – que é cruel e fria−
há um quê de Poesia em forma de tristeza
quase inerte, quase passiva...
que não é melancolia!
Estive pensando quanto é perigoso
quando a vida, às vezes rápido,
às vezes devagar
sufoca e mata a poesia das coisas
mais simples.
Sem poesia a vida é existência falsa,
apenas cinza se não há o que sonhar.

Estive pensando que é igualmente perigoso
e tanto mais fatal quando a poesia
é que se furta à Vida
− porque a fazemos banal−
e se embrenha no doloroso degredo
do mal
e não nos permite desvendar o segredo sereno

do sonho real.

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